sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Hospital chama pacientes para tratamento contra a cegueira.

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Oitenta das 90 ampolas do medicamento Lucentis, usado para o tratamento da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), estão com prazo de validade até 31 de agosto e ainda estão estocadas na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) do Hospital Universitário Bettina Ferro à espera de pacientes de Oftalmologia que devem ser encaminhados o mais rápido possível pela Secretaria de Saúde do Município de Belém, através de marcação de consultas que podem ser realizadas na Unidade de Referência (URE) Presidente Vargas, no centro da capital paraense.
O alerta sobre esse falta de procura partiu do secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco, após uma reunião com o médico oftalmologista do Hospital Bettina Ferro, Eduardo Braga, e demais representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM) e Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE), ocorrida na segunda-feira, 20. O hospital tentou reunir a imprensa para avisar sobre o ocorrido nesta quarta-feira, 22, mas os portões da Universidade Federal do Pará (UFPA), incluindo os do hospital, foram fechados por grevistas até serem liberados na manhã desta quinta-feira, 23.
A aplicação do remédio só pode ser feita no hospital Bettina Ferro, de forma gratuita para o paciente. Na rede particular, a terapia chega a custar R$ 4 mil por cada olho. Nome comercial dado à substância ranibizumabe, o Lucentis bloqueia a formação dos vasos sanguíneos que levam à perda da visão central na região da retina. O oftalmologista Eduardo Braga explica que a terapia se dá por meio de uma injeção aplicada na retina do paciente. Os intervalos e a quantidade de injeções dependem da evolução do quadro apresentado. Segundo o oftalmologista, a medicação é a melhor terapia que existe para a DMRI ao proporcionar a recuperação da visão total ou parcial do paciente em 90% dos casos.
Atualmente, o medicamento é comprado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) para ser disponibilizado ao hospital Bettina Ferro, que é referência estadual no  atendimento a pacientes de Oftalmologia de alta complexidade e encaminhados pela Unidade de Referência (URE) Presidente Vargas, que apesar de ser administrada pela Sespa, só atende demandas previamente agendadas pela Central de Marcação de Consultas da Secretaria de Saúde do Município de Belém (Sesma). Uma ampola só de Lucentis chega a custar R$ 2 mil.
Eduardo Braga chama a atenção para a doença, que atinge um em cada quatro indivíduos acima dos 60 anos. Trata-se de uma condição frequentemente relacionada ao envelhecimento, de causa desconhecida, na qual ocorre crescimento anormal dos vasos sanguíneos sob a retina. O resultado é a baixa súbita ou progressiva da visão central. Entre os sintomas estão a "visão borrada", pontos luminosos, manchas no centro da visão, diminuição da sensibilidade aos contrastes de luz e de adaptação ao escuro, linhas distorcidas e tortuosas e necessidade de iluminação mais intensa para ler. Para diagnosticar a doença é necessário o exame de fundo de olho, mas aconfirmação do diagnóstico depende de exames específicos, como a retinografia e a angiofluoresceinografia.
Em relação ao procedimento propriamente dito, antes de cada injeção é administrado um anestésico local de forma a reduzir ou a evitar a dor causada pela injeção. O olho, a pálpebra e a pele em torno do olho são desinfetados. São administradas gotas de antibiótico durante três dias antes da injeção e nos três dias a seguir ao tratamento, de modo a prevenir qualquer infecção ocular. 
Só no Brasil, já são quase três milhões de pacientes com a visão central prejudicada e o comprometimento da qualidade de vida. No Pará, não se tem dados concretos sobre a quantidade de pacientes que podem ter o problema, mas o serviço oferecido no hospital Bettina Ferro, com esse apoio da Sespa, já vem sendo ofertado à comunidade desde 2010 e vinha registrando, em média, o atendimento para 30 pacientes a cada 30 dias. No mês passado, esse número baixou para 16.
Em geral, planos de saúde não cobrem o tratamento, a não ser quando são obrigados pela Justiça. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o paciente é submetido ao tratamento sem pagar nada. “É sobre isso que queremos alertar a sociedade e chamamos a imprensa para nos ajudar nessa divulgação”, observou o médico Eduardo Braga, que atua nas aplicações assessorado pela enfermeira Aline Formigosa. O médico não entrou no mérito sobre o porquê da baixa procura de pacientes com sintomas da doença, mas ele foi incisivo ao dizer que é fundamental que a população saiba dessa oferta de serviços

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