terça-feira, 25 de outubro de 2011

Em 10 anos, prótese de silicone mais vendida quase dobra de tamanho

Os números do mercado de implantes de silicone confirmam uma tendência visível no busto das brasileiras: a procura nunca foi tão grande e os modelos mais vendidos nunca foram tão volumosos. Segundo as duas fabricantes nacionais, Silimed e Lifesil, as próteses de mama com volume em torno de 300 ml passaram a ser as mais vendidas. Até o início dos anos 2000, os modelos mais vendidos não chegavam a 200 ml.


Segundo Margaret Figueiredo, sócia-diretora da Silimed, empresa brasileira líder do mercado, o tamanho médio dos implantes mais vendidos vem crescendo continuamente: “Até os anos 90, as próteses entre 120 ml e 140 ml eram as mais procuradas. Na última década, a média ficou em torno de 200 ml e 250 ml. Agora, a de 305ml é a que mais sai”, afirma Margaret.

Na concorrente Lifesil, que atua no mercado há apenas três anos, 80% das próteses para seios vendidos possuem entre 275 ml e 400 ml. “Fabricamos modelos a partir de 125 ml. Somos a única fábrica do Brasil com implante de 1.000 ml para pronta entrega”, diz o dono da empresa Jorge Wanfurgur, que também é cirurgião plástico. “É raro vender esse produto, assim como também é raro alguém colocar 125 ml”, explica.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sebastião Guerra, confirma que as clientes têm procurado colocar implantes cada vez maiores. “Hoje é rotina colocar volumes superiores a 200 ml, e existe uma tendência nítida: aquelas mulheres que há cinco anos colocaram próteses de 140 ml, agora estão voltando para colocar uma maior, por volta de 300 ml”, afirma Guerra.


Uma cirurgia a cada 5 minutos

Para a Sociedade, a popularização da técnica e a maior aceitação social têm levado a mulher a encomendar modelos mais próximos do tamanho que sempre desejaram. “O silicone começou sendo usado de maneira muito reservada, acanhada. A mulher tinha vergonha de falar que tinha colocado implante. A liberdade foi acontecendo aos poucos, até as celebridades passaram a dizer que usam. Eu digo que, hoje, há dois tipos de mulher: a que está colocando [silicone] e a que ainda vai colocar”, diz Guerra.

A SBCP prevê um crescimento em torno de 10% no número de cirurgias plásticas realizadas no país em 2011. Hoje, são 5.050 cirurgiões atuando no mercado. O Brasil só fica atrás dos Estados Unidos, onde os cerca de 6 mil profissionais realizam aproximadamente 840 mil intervenções por ano.

A última pesquisa encomendada pela Sociedade mostra que o implante de silicone nas mamas é a cirurgia campeã na preferência das brasileiras, com 21% das intervenções estéticas realizadas no país.

O número de cirurgias plásticas realizadas no país subiu de 629 mil, em 2009, para 720 mil, em 2010, segundo os dados da SBCP. Desse total, estima-se que 73% sejam cirurgias estéticas e 27% reparadoras. Ou seja, por ano são realizadas no país cerca de 110 mil cirurgias de aumento de mama, o que corresponde a uma média de uma cirurgia a cada 5 minutos.
"Até o início dos anos 80, eram nove cirurgias de redução para uma de aumento. Hoje, estimamos que são 6 aumentos para 4 reduções", destaca a sócia da Silimed, que atua no mercado desde 1978. Ela observa ainda que próteses começam a ser usadas até mesmo em intervenções de diminuição do tamanho dos seios.


Produção nacional bate recorde

A Silimed afirma ter vendido 195 mil próteses de silicone nos seis primeiros meses do ano – uma alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado e o melhor desempenho da história da empresa. Em 2010, foram comercializados 340 mil implantes. Desse total, 64% foram próteses de mama. O restante da produção inclui implantes de glúteo, panturrilha, peitoral masculino, peniana, testiculares, entre outras.

“De quatro anos para cá, nossa produção vem registrando aumento anual de cerca de 10%, mas esses primeiros meses de 2011 superaram todas as expectativas. Esperamos fechar o ano com um crescimento de 20% nas vendas”, afirma a sócia-fundadora da empresa, que hoje já distribui seus produtos para cerca de 60 países e acaba de receber permissão para atuar no mercado americano de implantes de mama.

A Silimed possui duas fábricas no Rio de Janeiro e estima deter cerca de 35% do mercado. “Já chegamos a ter perto de 70% de participação. Este é um mercado que cresceu muito. Hoje temos uns 16 concorrentes, incluindo até empresas chinesas”, diz Margareth.

A Lifesil, única concorrente brasileira, só produz, por enquanto, implantes de mama e fita de gel de silicone, mas estima já ter abocanhado cerca de 10% do mercado nacional de próteses para os seios. A empresa, com sede em Curitiba, prevê terminar o ano com uma produção de 40 mil pares de implantes de mama.

"No ano passado, produzíamos uma média de 500 pares por mês. Hoje já atingimos uma média mensal de 6 mil pares", diz Wanfurgur.

Para o presidente da SBCP, o produto brasileiro compete hoje de igual para igual com os importados dos Estados Unidos e Europa. "As próteses melhoraram muito. O silicone já é um produto com 50 anos de mercado e o tempo mostrou que o risco é muito baixo. Hoje, o gel é coeso, pode arrebentar que não escorre”, afirma. "As próteses antigas eram placas achatadas. Hoje, há modelos em forma de pirâmide, que acomodam e ajudam a sustentar melhor a mama. A mulher deita e a mama fica cônica, em pé", explica.

A maior concorrência também tem ajudado a baixar o preço médio dos implantes, que hoje já podem ser pagos em até 12 parcelas. Segundo a SBCP, o preço médio de um par de implantes de mama está em torno de R$ 1.400, correspondendo a cerca de um terço do valor da cirurgia.
Inovações em design. Apesar do tamanho médio dos implantes ter inflado nos últimos anos, o mercado avalia que o volumes mais vendidos tendem a se estabilizar no patamar de 300 ml.

Para a sócia da Silimed, hoje já está se dando mais valor à forma que ao volume. Tanto que a empresa passou a fabricar linhas mais anatômicas, com diferentes opções de projeção e que levam em conta a espessura do tecido mamário e largura das mama de cada mulher. "Implantes com base menor e variações de diâmetro, mais adaptados às medidas do tórax, podem ter um volume menor e proporcionar resultado semelhante aos das próteses de 285 ml e 305 ml".

"Os moldes passaram a ter altura maior e diâmetro menor, para dar mais projeção, porque a mulher gosta de seios mais arredondados, com colo mais cheio", opina o cirurgião Jorge Wanfurgur, que afirma ter criado a Lifesil para oferecer mais opções de desenho.

“Quem dita essas tendências são as atrizes, a moda e a mídia. Talvez um dia isso inverta e o tamanho preferido diminua, mas acho que nunca mais o padrão será a mama pequena. A beleza brasileira está a associada à imagem do peito e da bunda, e a mama faz parte da sexualidade da mulher", completa o cirurgião.

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